domingo, 12 de abril de 2009

nome próprio - murilo salles (2008)

Essa cultura do blog é uma coisa esquisita, é a retomada da linguagem escrita, é a nova porta de entrada pro mundo jornalístico, literário, escrito. A (minha) palavra escrita é muito mais difícil que a falada, demora mais pra ser feita, é muito mais pensada. Mas qual é o verdadeira valor disso tudo? Pois existem muitos blogs, milhares, muitas palavras escritas e a maioria delas impensadas, vazias. Essa total banalização desmerece o trabalho de alguns mas também enaltece o de outros. Vou explicar.
Se só existissem blogs bons, que pra você criar tivesse que passar por um vestibular da escrita, os leitores teriam sempre a segurança que aquilo que foi publicado tem qualidade, mas daí teríamos que ficar subordinados à alguns falsos intelectuais, que só aprovariam seus seguidores, seus contatos, seu mundinho, tal qual é conseguir uma pós-graduação na usp. Não, assim não seria bom. Mas por outro lado, por todos poderem ter um blog, o fato de eu, pedro botton, pensar para escrever, tentar, mesmo que sem sucesso, produzir bons textos, reflexivos e interessantes, não significa tanto, não atinge tanto, fica disfarçado por esse imensa nuvem virtual de palavras escritas. Porém, o que se destaca na neblina prova sua qualidade indiscutível, o relâmpago no temporal. Como foi Darwin.
Porém quando um blog é passado, primeiro pra livros, depois pro cinema, o resultado é lamentável. Um filme vazio, bobo, com textos fracos, diálogos que beiram o trabalho de escola e citações, provavelmente transcritas do blog, que dão vergonha por tão infantis. Muitos filmes, a maioria dos bons, são livros que, transformados em roteiros, passaram por uma lente e pararam na tela. A maioria mesmo. E isso se dá pois conseguir publicar um livro é muito mais difícil do que postar em um blog, passa pela aprovação da editora, os figurões que aprovariam os blogs. E isso resulta numa qualidade melhor? Sim, claramente. Porém quantos bons escritores não podem ter se perdido pelo fato de não aceitarem fazer parte do mundinho escroto que é a mídia? Alguns, talvez nenhum, talvez muitos, mas eu sinceramente acho que se houve essa perda, ela foi compensada pela boa qualidade da maioria dos livros. É, os figurões talvez tenham realmente faro para o que presta e o que não.
Esse post é sobre o filme Nome Próprio, que eu assisti no Cinesesc às 19:00 no dia 12.04.09. Uma estrela, bem ruinzinho mesmo, nem o cartaz se salva. Porém alguns comentários na saída da sessão muito favoráveis, acho que ouvi até um "bárbaro". Espero que não tenham vindo de figurões.

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