terça-feira, 14 de abril de 2009

estudo

Até em que ponto arquitetura produzida por alunos inexperientes e intransigentes tem valor? Não conhecemos projetos, praças, cidades e, se conhecemos, não sabemos suas áreas, idéias, contexto ou a simples questão de como se acessa a unidade, por dentro ou por fora.
Sempre que reflito sobre isso, e não são poucas vezes, Gropius se revira na vala; fala do ímpeto inerente ao ser humano, quase uma habilidade natural de se solucionar. E eu o escuto até o final, que é quando realmente posso discordá-lo. Pois Walter fala que a solução acertada só é confirmada com a pesquisa que ratifica que a solução encontrada é na verdade uma releitura de soluções consagradas. E isso não ocorre. Não ocorre.
O aluno descobre que escada externa não é só pra tragédias, que hall aberto é varanda coletiva e que galeria subterrânea é interessante e pára por aí. Se orgulha do projeto, exibe o render pro colega, a maquete pra família, mas não mostra o saber a si mesmo. No máximo lembra do mestre mostrando algo relacionado no slide que ele não foi atrás, do orientador que falou de brasília, mas o (pseudo)estudante não se interessou, contenta-se com o raso que funciona apenas na tela preta. Tão raso que na primeira maquete física erra, que na maquete eletrônica rasura, desmancha, retrocede.
No entanto sua glória permanece, pois ela é idealizada e está realmente apenas nos olhos do projetista, tal qual pai de criança feia. Os traços não se relacionam, os elogios vão sumindo, mas tudo menos a mudança. Tudo menos o fácil e talvez o mais adequado, que não se sabe que é mais adequado pois não se foi aprendido.
Mas respondendo à primeira pergunta: tem valor. O valor está no momento em que ele percebe que Cerdà faria melhor. O ganho surge quando, na discussão com o educador, sua posição de hoje entra confronta com a de ontem e quando a discussão rasa na lanchonete já não significa mais nada. O produto é conseqüência, a meta é o processo.
Aluno vem do latim, aquele que não possui luz, que vive no breu esperando pra ser iluminado por quem professa em escola. O valor real é revogar a condição de aluno e conquistar a posição de estudante.

3 comentários:

tati travisani disse...

estudar é parte da vida inteira daqueles que são curiosos.
bonito seu blog!! preciso fazer assim com o meu!!

Zé Kielwagen disse...

"O valor está no momento em que ele percebe que Cerdà faria melhor."

*PLIM!*

Unknown disse...

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