quinta-feira, 5 de março de 2009

modernismo - oscar niemeyer

Eu sempre duvidei um pouco do modernismo. Como um bando de burgueses alugam o teatro municipal pra, pela primeira vez, retratar o negro em tinta óleo? Paradoxal, pra mim. Quando entrei na fau, mais ainda. Eu aprendi que a burguesia financiou a construção da casa que ia contra os princípios burgueses, construída por Paulo Mendes. Mas com o passar do tempo fui compreendendo, que a mudança vem de quem pode financiá-las, e que a burguesia não é só quem tem mais grana, mas também quem mais pensa, quem mais aprendeu. Quase acreditei nessa. Eu me recuso, e sempre me recusei, a me pensar como a burguesia. Erro meu, eu sei, mas não me coloco nesse nicho. Agora me aparece essa coleção de jóias H.Stern inspirada em Niemeyer. E pra mim não é surpresa. Concreto armado sempre foi caro, Brasília saiu do bolso dos nossos avós. O modernismo foi e continua sendo pra quem tem grana, e o colar feito de curvas femininas adornará o colo da neta da senhora que jantou no Itamaraty. Cada vez mais me convenço que o importante é morar, seja no barraco de madeira suportado por palafitas na favela da Maré, seja na laje dos seus pais em Paraisópolis. E é esse o problema que temos que resolver, com maneiras viáveis, materiais viáveis, idéias viáveis. E não como a dama vai ficar mais bela no jantar. Isso o modernismo já resolveu.

2 comentários:

Daniele disse...

Sério, animal!

tati travisani disse...

é, a arte tem dessas coisas...